O texto abaixo é uma tradução de um comentário incluído num artigo publicado pelo epidemiologista mais citado do mundo, John Ioannidis. Alguém que em Portugal seria relegado a falar no jornal “O Mirante”, ou a um pequeno espaço num canal no final da grelha da TV por cabo. Um desabafo de alguém cujo currículo fala por si, mas que tem encontrado grandes obstáculos para expressar os seus pontos de vista. Lá conseguiu arranjar um “cantinho”, numa revista científica que aceitou publicar algo seu, para dizer o que lhe vai na alma.

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7447267/

A confissão de um tolo e a dissecação de um fracasso de previsão

“Se eu fizesse uma estimativa informada com base nos dados de teste limitados que temos, diria que a COVID-19 resultará em menos de 40.000 mortes nesta época nos EUA” – esta minha citação apareceu em 9 de abril na CNN e no Washington Post baseado em uma discussão com Fareed Zakaria alguns dias antes. Fareed é uma pessoa incrivelmente carismática e a nossa discussão teve um grande alcance. Embora nos tivéssemos concentrado mais na necessidade de melhores dados, quando ele me enviou a citação que planeava usar, infelizmente comportei-me como um especialista e apoiei. Os jornalistas e o público querem certezas, mesmo quando não há certezas.

Aqui está uma tentativa para dissecar por que eu estava tão errado. Comportar-se como um especialista (ou seja, um tolo) foi claramente o motivo principal. Mas existiam outras razões de relevo. Quando fiz essa citação provisória, não considerei o impacto da nova definição de casos de COVID-19 e do facto da COVID-19 se tornar uma doença de notificação obrigatória (https://cdn.ymaws.com/www.cste.org/resource/resmgr/2020ps/Interim-20-ID-01_COVID-19.pdf (Acedido a 20 Junho 2020), apesar de conhecer a experiência italiana (Boccia et al., 2020) onde quase todas as “mortes por COVID-19” contadas também tiveram outras causas concomitantes de morte ou comorbidades. “Morte de COVID-19” agora inclui não apenas “mortes por COVID-19” e “mortes com COVID-19”, mas até mortes “sem COVID-19 documentado”. Além disso, não levei a sério os atrasos nos relatórios de mortes a cada semana. Pior, a COVID-19 já tinha começado a devastar lares de idosos nos Estados Unidos, mas os dados dos lares de idosos estavam quase todos indisponíveis. Eu não poderia imaginar que, apesar da experiência do estado italiano e de Washington (Roxby et al., 2020). Os lares ainda estavam desprotegidos. Se eu soubesse que os lares de idosos estavam tendo pacientes COVID-19 maciçamente transferidos para eles, teria escalado a minha tola citação várias vezes.

Há mais nisso: desde meados de março, escrevi um artigo alertando que existem dois ambientes onde o novo vírus pode ser devastador e que precisamos proteger, usando medidas draconianas, lares e hospitais. Durante várias semanas, tentei, sem sucesso, publicar isso em três revistas médicas e em cinco dos principais meios de comunicação que respeito. Entre os principais locais de notícias, um convidou-me a fazer um artigo, mas recusou depois de uma semana sem qualquer feedback. Por outro lado, o The New York Times ofereceu várias rondas de feedback ao longo de 8 dias. Por fim, eles reescreveram inteiramente a primeira metade, declararam que ela aparecerá no dia seguinte e, em seguida, pediram desculpas, mas não puderam publicar o artigo. O STAT o manteve por 5 dias e enviou comentários extensos e úteis. Fiz revisões extensas e eles rejeitaram, aparentemente porque um revisor especialista lhes disse que “nenhum especialista em doenças infeciosas pensa assim” – paradoxalmente, sou treinado e certificado em doenças infeciosas.

Cerca de 45% -53% das mortes nos EUA (Nursing Homes & Assisted Living Facilities Account for 45% of COVID-19 Deaths) (e tantos ou mais em vários países europeus) (Danis et al., 2020) eventualmente estavam em lares de idosos e instalações relacionadas, e provavelmente outra grande parte eram infeções nosocomiais. Um editor/revisor de uma importante revista médica descartou a possibilidade de que muitos funcionários do hospital estivessem infetados. Estudos de soroprevalência e PCR, no entanto, encontraram taxas de infeção muito altas em profissionais de saúde (Mansour et al., 2020, Sandri et al., 2020, Treibel T.A. Manisty et al., 2020) e em lares de idosos (Arons et al., 2020, Gandhi et al., 2020).

Se tivéssemos lidado com este coronavírus considerando o que outros coronavírus de ampla circulação fazem com base em livros didáticos de doenças infeciosas (não modeladoras) (= eles causam principalmente infeções leves, mas podem devastar particularmente lares de idosos e hospitais), a minha previsão tola poderia ter sido menos ridícula.

Por que o meu artigo nunca foi aceite? Talvez os editores tenham sido influenciados por alguma mídia que me classificou e às minhas opiniões como algo desprezível e/ou um produto da “ideologia conservadora” (uma classificação estupendamente estranha, dado o meu histórico).

Tal como digo na minha página Web de Stanford:” Não tenho contas pessoais nas redes sociais – admiro as pessoas que conseguem expressar sua sabedoria sem erros, mas eu cometo muitos erros, eu preciso rever os meus textos várias vezes antes de publicar, e não vejo razão para fazer papel de bobo com mais frequência do que é infelizmente inevitável”. Então, aqui estou corrigido.

FIM

Assim à primeira vista, até parece um relato depois de ter sido aplicado o artigo 6º da nova Carta Portuguesa de Direitos Humanos na Era Digital, aquela que o político antissistema e o arauto do liberalismo não votaram contra. Uma visão do futuro, uma reprodução do passado, a fazer lembrar o lápis azul e o Ministério da Verdade de “1984”.

“É só um caso” dirá o cidadão comum, aquele que decide a sua vida em função do que diz o Goucha, a Cristina, o Carona, ou o Telejornal. Aquele que cumprimenta com os cotovelos, que se inscreve na plataforma para levar a droga experimental, ou que usa duas máscaras dentro do carro. Aquele que gosta mesmo é de ouvir os especialistas que falam na TV e usar os seus argumentos nas pequenos conversas que tem, mantendo sempre 3 metros de distância, no mínimo. Se alguém aproxima, ele afasta. A TV disponibiliza um leque de especialistas recheado de diversidade, como gosta o Bloco, o PAN e a IL. Todos entendidos na “matéria”, todos cheios de certezas, mas no final quem vai vomitar as tripas e comer as minhocas do Fórum Económico Mundial e a beber a água de fezes do Bill Gates, é você. A eles não faltará nada. Pergunta como é no regime venezuelano e norte-coreano que o PCP tanto gosta de elogiar. A quem estes especialistas fazem a prestação de serviços não sabemos, mas cada um tem a sua “especialidade” que juntamente com o seu “ego” são postos ao serviço do “bem comum”. O mesmo do “vai ficar tudo bem” e do “15 dias para achatar a curva”. Temos ao nosso dispor:

O presidente da aliança de vacinas financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, alguém com histórico num partido que exalta Mao Tse-Tsung, responsável pela morte de milhões de pessoas, ao contrário do que acontece com as projeções do Imperial College of London para tudo o que é pandemias.

Um economista, entendido em vacinas e que gosta de as promover todas as manhãs.

Um advogado, que gostava de falar com Marcelo sobre Vichyssoise, mas que agora é entendido em vacinas e que as promove nos telejornais;

Um veterinário surfista que vende máscaras, vacinas e tudo o que for preciso. Um homem dos sete ofícios que gosta do dinheiro da Fundação Bill e Melinda Gates.

Um engenheiro geodésico, que percebe de RT. Na verdade só ele percebe, mas seja como for “o RT está a subir”.

Um sociólogo, que é um especialista em saúde internacional e em dados de internados, infetados e mortos.

Uma bióloga de plantas, entendida em máscaras e em pânico sanitário. Fez o seu serviço, saiu de cena.

Um deputado europeu, que apregoa o anticomunismo e exalta o Cristianismo, mas que vota a favor do Passaporte Verde Digital (uma versão digital da “estrelinha” da Segunda Guerra Mundial), promovendo a segregação de pessoas, logo a instauração do comunismo sanitário. Mas sobre isso nem uma palavra nas redes sociais. 2024 chegará em breve e quer continuar a mamar na teta da vaca do comunismo verde e dos impostos da União Europeia. O seu partido já está no modo táxi e a reeleição parece complicar, o melhor é não espantar o gado. Até lá o Passaporte Verde Digital que tanto gosta continuará a estimular as pessoas a tomar vacinas que contêm uma proteína produzida através de células de um rim de um embrião humano. Os episódios de segregação já começaram, parece que já ultrapassaram o limiar da fantasia e da “teoria da conspiração”. Agora no reino da fantasia, estão a constituição, declaração dos direitos humanos e os princípios de bioética.

https://www.facebook.com/172806896104918/posts/4263327300386170/

https://www.facebook.com/juntafreguesiabelem/photos/pb.172806896104918.-2207520000../4277315292320704/

Um político que se diz antissistema, mas que questiona o governo porque determinadas pessoas não foram vacinadas. Afinal é contra qual sistema? Não sabe que as vacinas têm uma licença especial de emergência (supostamente não existem outros tratamentos), cujos estudos não foram desenhados para comprovar que podem salvar vidas, cujos estudos ainda não terminaram, e cuja eficácia é ainda desconhecida? Talvez por isso, a tenha recusado, mas o melhor é não espantar o gado. Cheira a poder. Fazer perguntar sobre este tipo de produtos, é promoção gratuita ao mesmo e ao “sistema”? Aquele que gosta de promover no seu programa que fala em vacinas grátis e obrigatórias. Afinal é contra qual “sistema”?

Um político de um partido dito “liberal”, que enche a boca com a palavra “transparência”, mas que promove a testagem massiva. Já ouviu falar em ciclos do teste PCR? Sabe como é validado o teste rápido? Já ouviu falar em “falsos positivos”? Saber isto e fazer perguntas é que fazia jus à transparência e evitava-se desperdiçar rios de dinheiro, que geram mais dívida, mais impostos, mais dependência do Estado. Todo o contrário de alguém que apregoa “mais celeridade, menos Estado”. Mais uma variante do Socialismo, agora em versão azul.

Um político médico que promove vacinas na TV e gosta de cultivar o terrorismo sanitário, mentindo sobre o número de mortes durante um turno, desmentido pelo próprio hospital.

Um presidente da liga de futebol que promove as vacinas e percebe de imunidade de grupo. Diz ele “agora, há uma nova união à volta da vacinação” e “apelamos aos portugueses para a vacinação, por forma a que a imunidade de grupo seja alcançada mais rapidamente. Só assim nos aproximaremos daquilo que entendemos como normalidade”. Também deve ter estudado nos manuais de medicina cubana e venezuelana, tal como o bastonário, já que a conversa é toda a mesma, a formação também deve ser. Esse bastonário que diz que “Na campanha de vacinação em curso não é cientificamente correto, nem eticamente adequado, obrigar as pessoas a conceder expressamente o seu consentimento informado para poderem ser vacinadas, podendo esta exigência ter mesmo um efeito perverso na adesão da população à campanha global”. Como é? Soa um pouco a narrativa de totalitarismo sanitário. As cadeiras sobre ética devem estar para ser purgadas dos cursos de Medicina. Parece que este totalitarismo sanitário traz novas orientações, o Primum non nocere (primeiro, não prejudicar) e o artigo 19º do Código Deontológico da Ordem dos Médicos estarão em vias de extinção. Em situação de emergência não se pode olhar a meios, mesmo que disso resulte mais dano que o problema em si. “Vai ficar tudo bem”.

http://ordemdosmedicos.pt/wp-content/uploads/2017/08/Regulamento_707_2016__Regulamento_Deontol%C3%B3gico.pdf

Toda uma oferta de “especialistas” dispostos a criar uma narrativa absoluta que até Eric Arthur Blair teria dificuldade de reproduzir em “1984”, onde o Carona, o Cerqueira, e o Unas são colaboradores de primeira linha. Todos prontos a entrar em ação para lhe proporcionar um paraíso comunista perto de si, onde terá de usar máscara na praia, em que só poderá falar coisas boas do governo e onde o presidente hipocondríaco e viciado em farmácias fará dos estados de emergência, o estado normal, onde a sua vida será regulada por decreto. “O Costa, diz”, científico, portanto.

P.S. (Post Scriptum) – Diz o nosso especialista em “geringonças” diz que “”Devemos apoiar, fortalecer e reformar a OMS, e promover a implementação integral do Regulamento Sanitário Internacional. Portugal também está disposto a participar na negociação de um Tratado Internacional sobre Pandemias no âmbito da OMS, tendo como base o Regulamento Sanitário Internacional”. Que tom globalista. Esta gente demonstra o quanto acredita na “democracia”. Quando foi a última vez que houve voto popular para a OMS, essa organização cuja direção é recheada de comunistas, para que possa ter uma legitimidade tão grande na vida das pessoas? Portugal é pioneiro na implementação de tudo o que é estrume comunista, desde do verde ao sanitário. O povo, esse, ficará como eles querem o carbono, a zero.

https://www.rtp.pt/noticias/mundo/costa-quer-reforma-para-reforcar-oms-e-ataca-nacionalismo-nas-vacinas_n1321882


Gualdim Pais